quinta-feira, 16 de julho de 2015

Atividades de Leitura e Interpretação - Gênero Textual: CONTO DE ASSOMBRAÇÃO

MARIA  ANGULA



      Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe. Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para jogá-los uns contra os outros. Por isso, tinha fama de leva-e-traz, linguaruda e era chamada de moleca fofoqueira.
      Assim viveu Maria Angula até os dezesseis anos, decidida a armar confusão entre os vizinhos, sem ter tempo para aprender a preparar pratos saborosos.
      Quando Maria Angula se casou, começaram seus problemas. No primeiro dia, o marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a menor ideia de como prepará-la.
      Queimando a mão com uma mecha embebida em gordura, acendeu o carvão e levou ao fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso: não fazia ideia de como continuar.
      Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mercedes, cozinheira de mão-cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá.
      - Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com miúdos?
      - Claro, dona Maria. É assim: primeiro coloca-se o pão de molho em uma xícara de leite, depois despeja-se este pão no caldo e, antes que ferva, acrescentam-se os miúdos.
      - Só isso?
      - Só, vizinha.
      - Ah – disse Maria Angula – mas isso eu já sabia!
      E voou para a sua cozinha a fim de não esquecer a receita.
      No dia seguinte, como o marido lhe pediu que fizesse um ensopado de batatas com toicinho, a história se repetiu:
      - Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz o ensopado de batatas com toicinho?
      E como da outra vez, tão logo sua boa amiga lhe deu todas as explicações, Maria Angula exclamou:
      - Ah! É só? Mas isso eu já sabia! – E correu imediatamente para casa a fim de prepará-lo.
      Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando. Maria Angula vinha sempre com a mesma história: “Ah, é assim que se faz o arroz com carneiro? Mas isso eu já sabia! Ah, é assim que se prepara a dobradinha? Mas isso eu já sabia!”. Por isso, a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte...
      - Dona Mercedinha!
 - O que deseja, dona Maria?
      - Nada, querida, só que meu marido quer comer no jantar um caldo de tripas e bucho e eu...
      - Ah, mas isso é fácil demais – disse dona Mercedes. E antes que Maria Angula a interrompesse, continuou:
      - Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado. Depois, espere chegar o último defunto do dia e, sem que ninguém a veja, retire as tripas e o estômago dele. Ao chegar em casa, lave-os muito bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas. Depois de ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está pronto. É o prato mais saboroso que existe.
      -Ah! – disse como sempre Maria Angula – É só? Mas isso eu já sabia!
      E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada do defunto mais fresquinho. Quando já não havia mais ninguém por perto, dirigiu-se em silêncio à tumba escolhida. Tirou a terra que cobria o caixão, levantou a tampa e...Ali estava o pavoroso semblante do defunto! Teve ímpetos de fugir, mas o próprio medo a deteve ali. Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma, duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o estômago. Então voltou correndo para casa. Logo que conseguiu recuperar a calma, preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo os beiços.
     Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam, escutaram-se uns gemidos nas redondezas. Ela acordou sobressaltada. O vento zumbia misteriosamente nas janelas, sacudindo-as, e de fora vinham uns ruídos muito estranhos, de meter medo em qualquer um.
     De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas. Eram os passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e retumbante, e que se deteve diante da porta. Fez-se um minuto de silêncio e logo depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente de um fantasma. Um grito surdo e prolongado paralisou
      - Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou de minha santa sepultura!
      Aterrorizada, Maria Angula escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo, mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e arrastarem-na gritando:
       - Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou de minha santa sepultura!
      Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha procurado por ela em toda parte, jamais soube do seu paradeiro.




ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO


1.     Por que as pessoas achavam que Maria Angula era fofoqueira?


2.     Qual era o principal problema de Maria Angula depois que se casou?


3.     A vizinha sempre ajudava Maria Angula com seus problemas, mas algo a irritava muito na moça. O que era?


4.     O que Dona Mercedes decidiu fazer para que Maria Angula não lhe pedisse mais conselhos?


5.     Maria Angula acreditou em Dona Mercedes e fez uma janta bem macabra para seu marido. O que aconteceu mais tarde, quando o casal já dormia?

6.     Qual foi a parte da história que você achou mais legal?



JOGO  RÁPIDO


1.     MARIA  ANGULA  TEVE  PROBLEMAS  NA  COZINHA  LOGO  QUE  CASOU.  COMO  NÃO  SABIA  COZINHAR,  FOI   PEDIR  AJUDA  PARA  SUA...
 



2.     DONA  MERCEDES  ACABOU  FICANDO  CHATEADA  COM  A  MOÇA,  POIS  TUDO  ELA  DIZIA  QUE  JÁ...
 



3.     A  VIZINHA  DEU  O  TROCO! AO  ENSINAR  A  RECEITA  DE  CALDO  DE  TRIPAS  E  BUCHO,  MARIA  ANGULA  DEVERIA  IR  ATÉ  O...
 



4.     MARIA  ANGULA  OLHOU  PARA  O  DEFUNTO  E  CRAVOU  O  FACÃO  EM  SUA ...
 



5.     NO  DIA  SEGUINTE,  MARIA  ANGULA  HAVIA...



FONTE:
http://www.atividadespnaic.com/2015/01/maria-angula-conto-de-assombracao-texto-interpretacao-e-atividades-4o-eou-5o-ano/



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