A CORUJA E A ÁGUIA
Monteiro Lobato
CORUJA E ÁGUIA, DEPOIS DE MUITA BRIGA RESOLVERAM FAZER AS
PAZES.
_BASTA DE GUERRA — DISSE A CORUJA. – O MUNDO É GRANDE, E TOLICE MAIOR QUE O MUNDO É ANDARMOS A
COMER OS FILHOTES UMA DA OUTRA.
_PERFEITAMENTE — RESPONDEU A ÁGUIA. — TAMBÉM EU NÃO QUERO OUTRA COISA.
_NESSE CASO COMBINEMOS ISSO: DE ORA EM DIANTE NÃO COMERÁS
NUNCA OS MEUS FILHOTES.
_MUITO BEM. MAS COMO POSSO DISTINGUIR OS TEUS FILHOTES?
_COISA FÁCIL. SEMPRE QUE ENCONTRARES UNS BORRACHOS LINDOS, BEM
FEITINHOS DE CORPO, ALEGRES, CHEIOS DE UMA GRAÇA ESPECIAL, QUE NÃO EXISTE EM
FILHOTE DE NENHUMA OUTRA AVE, JÁ SABES, SÃO OS MEUS.
_ ESTÁ FEITO! — CONCLUIU A ÁGUIA.
_DIAS DEPOIS, ANDANDO À CAÇA, A ÁGUIA ENCONTROU UM NINHO COM TRÊS MONSTRENGOS DENTRO, QUE PIAVAM DE BICO MUITO ABERTO.
_ HORRÍVEIS BICHOS! — DISSE ELA. — VÊ-SE LOGO QUE NÃO SÃO OS FILHOS DA CORUJA.
E COMEU-OS.
MAS ERAM OS FILHOS DA CORUJA. AO REGRESSAR À TOCA A TRISTE MÃE CHOROU AMARGAMENTE O DESASTRE E FOI JUSTAR CONTAS COM A RAINHA DAS AVES.
_ QUÊ? — DISSE ESTA ADMIRADA. — ERAM TEUS FILHOS AQUELES MONSTRENGUINHOS? POIS, OLHA NÃO SE PARECIAM NADA COM O RETRATO QUE DELES ME FIZESTE…
_DIAS DEPOIS, ANDANDO À CAÇA, A ÁGUIA ENCONTROU UM NINHO COM TRÊS MONSTRENGOS DENTRO, QUE PIAVAM DE BICO MUITO ABERTO.
_ HORRÍVEIS BICHOS! — DISSE ELA. — VÊ-SE LOGO QUE NÃO SÃO OS FILHOS DA CORUJA.
E COMEU-OS.
MAS ERAM OS FILHOS DA CORUJA. AO REGRESSAR À TOCA A TRISTE MÃE CHOROU AMARGAMENTE O DESASTRE E FOI JUSTAR CONTAS COM A RAINHA DAS AVES.
_ QUÊ? — DISSE ESTA ADMIRADA. — ERAM TEUS FILHOS AQUELES MONSTRENGUINHOS? POIS, OLHA NÃO SE PARECIAM NADA COM O RETRATO QUE DELES ME FIZESTE…
MORAL DA HISTÓRIA: QUEM O FEIO AMA, BONITO LHE PARECE.
(FÁBULAS, MONTEIRO LOBATO, SÃO PAULO, BRASILIENSE, 20ª EDIÇÃO.)
CONSTRUINDO O SENTIDO DO TEXTO
01. Quem são os personagens
principais?
02. Como você estudou, a
fábula se divide em duas partes. Quais são elas?
03. Como a coruja descreveu
seus filhotes?
04. Por que a águia não reconheceu
os filhotes da coruja?
05. Segundo a moral, há uma
diferença no modo de as pessoas perceberem as outras. Explique.
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